“MEU NOME É MARIA” ENTRA EM SUA SEGUNDA SEMANA EM CARTAZ.  

O filme é adaptado do livro “Tu t'appelais Maria Schneider”, de Vanessa Schneider.

Por Celso Sabadin.

Quem viveu os anos 1970 lembra bem o escândalo que foi o filme “O Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci, que mostra uma forte cena de sexo com manteiga entre os personagens de Marlon Brando e Maria Schneider. Puro suco de conservadorismo puritano.

Anos depois, mortos os envolvidos, o caso voltou a provocar escândalo, mas desta vez com motivo dolorosamente verdadeiro: mais que apenas envolver ficcionalmente os personagens de Brando e Maria, o estupro teria sido real. Com o consentimento do diretor e as vistas grossas de toda a equipe de filmagem.

A história foi contada no livro “Tu t’appelais Maria Schneider”, de 2018, da jornalista e escritora Vanessa Schneider, prima da atriz. Como não poderia deixar de ser, o livro virou filme: “Meu Nome é Maria”, entrando agora em sua segunda semana de exibição em cinemas brasileiros.

Com roteiro de Laurette Polmanss e da também diretora do filme, Jessica Palud, “Meu Nome é Maria” cinebiografa a atriz de forma clássica e cronológica, dentro do estilo comportado dos atuais streamings. Enfoca as dificuldades de relacionamento de Maria com sua mãe (interpretada por Marie Gillain), o impulso em sua carreira proporcionado pelo pai (o ator Daniel Gélin, vivido por Yvan Attal) e, como não poderia deixar de ser, sublinha mais fortemente o caso do estupro, e como isso alterou profundamente sua vida.

 

O papel título é da romena Anamaria Vartolomei, vista recentemente em “O Conde de Monte Cristo” e ainda em cartaz em “Mickey 17”. A interpretação de Marlon Brando ficou a cargo de Matt Dillon, que se não brilha, tampouco decepciona.

 

Como cinema, “Meu Nome é Maria” se instala na zona de conforto, mas é inegável a importância de se levar a público esta história, principalmente na abordagem das consequências nefastas do silêncio.