INTENSO, “OPERAÇÃO HUNT” CUMPRE O QUE PROMETE.
Por Celso Sabadin.
Muito mais conhecido pelos seus mais de 40 trabalhos como ator no cinema e na TV da Coreia do Sui, Lee Jung-jae (da série “Round 6”) estreia como diretor, corroteirista (ao lado de Jo Seung-Hee, também estreante em cinema) e ainda como produtor no suspense de ação e espionagem “Operação Hunt”, chegando aos cinemas brasileiros.
Lee também interpreta o papel principal de Park Pyong-ho, um agente da inteligência do governo sul coreano.
A ação do longa é ambientada na década de 1980, período bastante conturbado da vida política da Coreia do Sul, no qual não faltaram acusações de corrupção, prisões, atentados, ditadura, torturas e – como não podia deixar de ser – a agressiva presença norte-americana interferindo ostensivamente nas relações políticas com a Coreia do Norte. A gente por aqui sabe bem o que é isso.
Um letreiro logo no começo do filme, porém, apressa-se em informar que a história é totalmente ficcional. Difícil precisar onde começa a ficção e acaba a realidade, e o que seria somente um pano de fundo histórico-político para o filme. A trama tampouco é das mais fáceis de acompanhar, com tantas reviravoltas de roteiro e a profusão de nomes de difícil assimilação para o público ocidental. “Operação Hunt” foi inclusive remontado – e teve cenas alteradas – após sua primeira exibição internacional, na mostra Camera D´or do Festival de Cannes, para a qual foi selecionado. Motivo: vários jornalistas internacionais afirmaram encontrar dificuldades para a compreensão total da história, até em função do desconhecimento deles da situação sul-coreana, no momento em que o roteiro se desenvolve. O fato de todos os agentes se vestirem iguaizinhos também não ajuda muito…
De qualquer maneira, independente da total assimilação do contexto do longa, “Operação Hunt” entrega o que promete: um thriller político-policial em alta voltagem e de ação intensa. E que traz algumas diferenciações interessantes, se o compararmos aos seus similares ocidentais. Por exemplo, chama a atenção como os agentes da inteligência sul-coreana não pensam duas vezes antes de sair na porrada com seus próprios colegas, em caso de discordância. Não sei dizer se é um traço da cultura local (fico lembrando de cenas de pancadaria entre parlamentares do país, que invariavelmente surgem nos noticiários), ou se é apenas uma ferramenta dramatúrgica para intensificar a narrativa. Mas é bom apreciar estilos diferentes do predominante estadunidense que sempre nos invade.
O final também – sem spoilers – tem seu charme diferenciado, numa sequência de ação que parece que jamais terminará. As cenas de tortura são bastante explícitas e violentas.
Recebido positivamente em festivais asiáticos, e somando mais de US$30 milhões nas bilheterias de seu país, “Operação Hunt” tem estreia agendada para esta quinta-feira, 02/02 no cinemas do Brasil.