EM DVD, “A FILHA DO PAI” É UM SABOROSO DRAMA ROMÂNTICO À MODA ANTIGA.
Os livros do francês Marcel Pagnol já serviram de base para ótimos filmes, como “O Castelo de Minha Mãe”, “A Glória de Meu Pai”, “Jean de Florette”, “A Vingança de Manon”, etc. Mas nem todos sabem ou se recordam que entre os anos 30 e 50 Pagnol também escreveu e dirigiu, ele próprio, vários filmes.
Entre eles, “La Fille du Puisatier”, de 1940, que o prestigiado ator Daniel Auteuil, agora em 2011, reescreveu, refilmou e assumiu o papel principal. Rebatizado no Brasil como “A Filha do Pai”, “La Fille du Puisatier” chegou aos nossos cinemas em 2012 e sai agora em DVD.
Ambientada na década de 1910, a história fala de Pascal (Auteuil), viúvo, pai de 6 filhas, e poceiro. Não confundir com posseiro. Poceiro é o sujeito que cava poços. Os problemas começam quando a filha mais velha de Pascal, Patricia (a bela espanhola Astrid Bergès-Frisbey) conhece o jovem aviador Jacques (Nicolas Duvauchelle) e imediatamente se apaixona por ele. E os mesmos problemas se agravam com a chegada da I Guerra Mundial.
A partir destes conflitos, o filme discute, com a deliciosa ingenuidade dos costumes do início do século passado, questões como dignidade, honra e amor. Assinando também a direção, Auteuil não busca o grande romance épico ambientado na guerra, a la Lelouch, mas sim o drama intimista, a sociedade vista sob o prisma de uma pequena vila conservadora do interior. O resultado, ainda que resvale num otimismo que por vezes soe falso, tem um agradável frescor bucólico que remete a uma época talvez mais simples, talvez mais romântica.
O filme traz um excelente elenco de apoio (que inclui Kad Merad, Sabie Azèma e Jean-Pierre Darroussin) que ajuda a esconder a inabilidade de Auteuil para interpretar um homem rude e simplório (fica-se imaginando como Depardieu seria perfeito para o papel de Pascal). Há algumas passagens de tempo mal construídas e pequenas imperfeições de narrativa que a ótima trilha sonora de Alexandre Desplats e a simpática alegria do roteiro se incumbem de compensar com louvor.