LONGA PARANAENSE DE BAIXÍSSIMO ORÇAMENTO GANHA FESTIVAL DE ALTA FLORESTA.

“Cinematoso” (foto), longa que documenta a vida e a obra de um cineasta amador da cidade de Paranaguá (PR), conquistou o júri do 4o. Festival Cinema na Floresta com seu bom humor e com a declaração de amor que faz ao Cinema. Dirigido por Bruno de Oliveira, o longa mostra a trajetória de Cyro Matoso, um homem aposentado que desde 1975 faz das tripas coração para jamais deixar de realizar o que mais lhe faz feliz: filmes. Em Super 8 ou VHS, usando arames e papel machê como cenário, barbantes como efeitos especiais e amigos como atores, os filmes de Matoso já são considerados até “patrimônio histórico e cultural” de Paranaguá. Na cidade, todos o conhecem.

Mais do que simplesmente documentar a obra de Matoso, os produtores do filme tiveram uma ótima ideia: produzir um roteiro do cineasta amador, que seria filmado simultaneamente ao documentário. Assim, enquanto Bruno de Oliveira dirigia “Cinematoso”, o próprio Cyro dirigia seu média “O Tesouro Maldito dos Piratas”, o que acabou resultando num atrativo processo de metalinguagem documental.

Mas para quem não está nem aí com metalinguagens, a boa notícia é que “Cinematoso” é terno e hilariante. Totalmente naif, o cineasta amador desenha ele próprio num caderno as cenas que vai filmar. Pinta quadros para vender e financiar seus filmes com o dinheiro arrecadado. Cria cronogramas de filmagens que jamais serão respeitados, e não raramente seus atores o abandonam por cansaço. Já houve casos em que substituiu um ator no meio das filmagens e ficou tudo por isso mesmo: durante o filme, o mesmo personagem foi vivido por dois atores, sem problema nenhum. Puro Buñuel. Tem mais: Cyro se acha parecido com Charles Bronson. E o pior é que ele é mesmo!.

O produtor Adriano Estrurilho, que representa o filme aqui no Festival, informa que o projeto inteiro custou somente 80 mil reais. Só isso por um filme? Na realidade, pelos dois: com os 80 mil, foram produzidos tanto o “Cinematoso” quanto “O Tesouro Maldito dos Piratas”, que no final de todo o processo foi exibido na Cinemateca de Curitiba com honras de pré-estreia.
Este é o primeiro Festival que “Cinematoso” participa.

“UM HOMEM QUALQUER” LEVA O PRÊMIO DO JÚRI POPULAR.

Ainda pelo Júri Oficial, os demais premiados do 4º. Festival Cinema na Floresta foram:

Melhor Videoclipe: “A Sorte”, de Leonardo Domingues.
Melhor Curta: “A Vermelha Luz do Bandido”, de Pedro Jorge.
Melhor média: “A Invasão de Alegrete”, de Diego Muller .
Menções Honrosas para “Operação Mamãe”, de Marina Freitas, e “A Menina que Pescava Estrelas”, de Ítalo Cajueiro.

Já o voto popular preferiu “Um Homem Qualquer”, de Caio Vecchio para o prêmio de melhor longa. Exibido na Mostra de São Paulo no ano passado, o filme também foi selecionado para o Brazilian Film Festival of Toronto, que acontecerá no final do mês, e encontra-se atualmente em processo de busca por uma boa distribuidora.

O público concordou com o júri oficial na categoria videoclipe, elegendo também “A Sorte”, de Leonardo Domingues. Mas preferiu “Lata”, de Diego Gonzalez e Clarice Goulart, como Melhor Curta e “Olhar de João”, de Mariley Carneiro, na categoria Média Metragem.

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