“UMA CHAMADA PERDIDA” É PURA PERDA DE TEMPO

No comecinho do século 20, os expressionistas alemães inventaram o filme de terror. Um pouco mais tarde, a partir de 1930, os norte-americanos copiaram os alemães e passaram a desenvolver o gênero. Bem mais recentemente, os japoneses injetaram sangue novo e começaram a fazer os mais assustadores e cultuados filmes de horror dos últimos tempos.

Agora, em 2008, alemães, norte-americanos e japoneses se unem na co-produção “Uma Chamada Perdida”. E o resultado é – literalmente – um horror. Um dos piores filmes de terror exibidos na tela grande em muitos anos.
Descosturada, a trama tenta unir uma série de mortes violentas e misteriosas através de uma cadeia de chamadas de telefones celulares. Provavelmente uma tentativa de pegar carona no ótimo “O Chamado”, que também utilizava o telefone como ponto de partida. Porém, as semelhanças param por aí. Em “Uma Chamada Perdida”, o próximo infeliz na fila da morte recebe uma ligação em seu celular, onde pode ouvir, na própria voz, as suas últimas palavras, e ainda ficar sabendo, no display do aparelho, o dia e a hora exata em que morrerá.

Não seria uma má idéia para um bom filme do gênero. O problema é que o confuso roteiro, além de tentar atribuir toda a série de mortes a uma estranha vingança, ainda abre uma sub-trama com o obscuro passado da protagonista, e tira da manga do colete a figura de um policial que busca esclarecer o caso de sua irmã morta, transformando tudo num samba do crioulo doido que vai ficando cada vez mais com cara de história mal contada. E mal dirigida, já que o diretor francês Eric Valette é de uma falta de criatividade a toda prova, repisando os mais desgastados clichês do gênero, colocando sua câmera nos ângulos mais preguiçosos, e transformando seu filme em comédia involuntária, quanto mais a ação se desenvolve.

Em DVD, “Uma Chamada Perdida” já seria duro de assistir. Quanto mais no cinema.
O livro de Yasushi Akimoto, que deu origem ao filme, já foi adaptado em 2003 pelo cinema japonês, e rendeu uma continuação em 2005. Continuação esta que – esperamos – não vingue nesta infeliz releitura nipo-germano-americana. .
Só para não dizer que o filme é uma total perda de tempo, pelo menos a protagonista Beth (papel da havaiana Shannyn Sossamon) é um belo colírio e dá conta do recado.