TENSO, “RAPTO” ENTRA EM SUA SEGUNDA SEMANA EM CARTAZ.

Por Celso Sabadin.

Com uma construção dramatúrgica muito bem urdida, e um clima de suspense psicológico dos mais tensos, “Rapto” coloca em crescente rota de colisão os destinos de duas grandes amigas: Lydia (Hafsia Herzi) e Salomé (Nina Meurisse). Ambas parecem vivenciar uma espécie de relacionamento que, além da amizade, tangencia a simbiose, dividindo medos, experiências e expectativas numa gangorra emocional nem sempre muito saudável.

A situação entra em estado de alerta quando Salomé anuncia sua gravidez. E o parto será realizado por Lydia.

A partir de um caso real, o roteiro de “Rapto” foi desenvolvido por Alexandre de La Baume, Naïla Guiguet e pela própria diretora do filme, Iris Kaltenbäck, aqui estreando em longas. Uma estreia das mais promissoras, que demonstra segurança e bastante habilidade em construir um tenso clima de suspense, sem cair nas armadilhas rasas do gênero.

Selecionado para a Semana da Crítica e para a Mostra Camèra d´Or, ambos em Cannes, “Rapto” é repleto de qualidades. Só não podia se chamar “Rapto”, título que por si só já se configura em um spoiler que descontrói os cuidados que o roteiro e a direção tiveram em prender a atenção do público.

Também me incomoda um pouco, nesta produção totalmente francesa, o fato da personagem “vilã” ser interpretada por uma atriz de origem argelina-tunisiana, com todos os genótipos decorrentes, e a personagem “vítima” ter traços, digamos, mais “europeus”. Mas talvez isso seja apenas implicância minha. Talvez.