“NO CALOR DO VERÃO” É OPÇÃO FRANCESA PARA O FERIADÃO

De “Faça a Coisa Certa” a “Verão Assassino”, passando por vários outros exemplos que aqui não cabem, muitas vezes o cinema tem o costume de associar as altas temperaturas climáticas às variações do comportamento humano que acabam desembocando em atitudes extremas. Calor, tédio e hormônios – quando em excesso – provocam uma mistura trágica. O drama francês “No Calor do Verão” segue a mesma trilha.
Sufocada pelo calor, pelo marasmo e pela pressão dos pais, a adolescente Camille (Isild Le Besco) passa um aborrecido verão num camping francês. A simples presença de Blaise (Denis Lavant), o novo professor de vela, faz com que a garota passe a assediá-lo, a princípio apenas como uma simples forma de transgressão. A brincadeira, porém, se tornará séria demais.
Christophe Ali e Nicolas Bonilauri formam uma dupla bissexta de cineastas que, antes deste filme, só haviam realizado “Le Rat”, em 2001. O estilo deles tem algo de Chabrol, uma pitada de Rohmer, principalmente nos longos tempos contemplativos em que as ações se sucedem. Sem o mesmo charme narrativo destes mestres, sem dúvida, mas deixando transparecer uma ponta de talento. “No Calor do Verão” conversa com, por exemplo, “Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo”, que Chabrol realizou em 1994. Não chega a ser um trabalho marcante, principalmente para os fãs do cinema francês, que certamente já viram coisa parecida, e melhor. Mas não deixa de ser uma opção medianamente interessante para quem está disposto a descobrir novos nomes do cinema europeu.
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NO CALOR DO VERÃO (Camping Sauvage); França, 2005. Direção de Christophe Ali e Nicolas Bonilauri. Com Denis Lavant, Isild Le Besco, Pascal Bongard, Yann Trégouët.