“LA ESTRELLA QUE PERDÍ”, O “CREPÚSCULO DOS DEUSES” ARGENTINO.

Por Celso Sabadin.

Magistralmente interpretada por Mirta Busnelli, Norma é uma atriz veterana em decadência que sente na pele a questão do etarismo nas artes cênicas e no cinema. Quando finalmente surge o que parece ser uma boa oportunidade em uma peça teatral, o seu papel é de uma personagem bem mais velha, e com problemas mentais. Norma se ofende com o convite, mas talvez esta seja sua última oportunidade na carreira.

O cinéfilo mais antenado certamente já percebeu alguma semelhança entre “La Estrella que Perdí” e o clássico “Crepúsculo dos Deuses”. Mesmo porque até o nome da personagem principal – Norma – é o mesmo em ambos os filmes, o que explicita a homenagem que a roteirista e diretora Luz Orlando Brennan faz à obra de Billy Wilder.

Embora tanto “La Estrella que Perdí” como “Crepúsculo dos Deuses” saiam de um ponto de partida bem similar, o longa argentino acaba se fixando – principalmente em sua segunda metade – no relacionamento entre Norma e sua filha Celeste (Ana Pauls, também ótima).

A partir daí, o roteiro toca com muita sensibilidade naqueles pontos que são praticamente impossíveis de não causar vários nós nas gargantas da plateia: antigas mágoas não resolvidas, questões familiares inconfessáveis, o medo da solidão, velhos fantasmas escondidos nos porões da memória. Tudo conduzido por uma direção sóbria e segura, que não cai nas armadilhas reducionistas que o tema pode proporcionar.

Filme que abre a Mostra Competitiva de Longas do 28º FAM – Festival Audiovisual Mercosul, de Florianópolis, “La Estrella que Perdí” foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cleveland.