INSANA MISTURA DE DORES E AMORES, “MALU” CHEGA AOS CINEMAS.

por Celso Sabadin.

Vencedor (empatado com “Baby”, de Marcelo Caetano) do prêmio máximo no recente Fest Rio, “Malu” mostra parte da conturbada história real da atriz Malu Rocha, interpretada por Yara de Novaes.

Emocionalmente instável, ela vive com sua mãe (Juliana Carneiro da Cunha) em uma casa semi destruída, onde sonha construir um pequeno teatro. A extrema decadência do lugar faz eco com o intenso desgaste da relação entre ambas. A chegada de Joana (Carol Duarte), filha de Malu, piora ainda mais a situação, e as três mulheres mergulham num torturante embate de dores e culpas do passado e seus segredos inconfessáveis. Porém, ainda há espaços de afeito a serem cultivados e (re) descobertos.

Denso e sem atenuantes, “Malu” mergulha fundo em temas que facilmente poderiam descambar para o dramalhão rasgado, ou mesmo para o exagero telenovelesco. Felizmente isso não acontece. Pelo contrário, o roteirista e diretor Pedro Freire conduz este seu longa de estreia com impressionante segurança, tensionando e distensionando as mais cruéis situações familiares num ritmo que prende a atenção do espectador da primeira à última cena.

Da mesma forma, a ambientação das situações – quase todas na arruinada habitação das protagonistas – poderia conferir ao longa um ar (ou uma falta dele) muito mais teatral que cinematográfico, o que – felizmente outra vez – não acontece. O assim chamado “Centro Cultural Malu Rocha”, conforme batizado pela própria, acaba se transformando praticamente num personagem do filme, graças também aos ótimos trabalhos de cenografia, direção de arte e fotografia do longa.

Suas três atrizes – impecáveis – dão um show a parte.

Sufocante e dilacerante, sim, mas nunca insuportável, “Malu” venceu, além do prêmio de melhor longa-metragem no Festival do Rio, o de roteiro para Pedro Freire, enquanto Yara de Novaes, Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha dividiram as premiações de interpretações femininas.

Mais um ótimo filme brasileiro entrando em cartaz.