“BERNADETTE”, À SOMBRA DE UM PRESIDENTE.

Por Celso Sabadin.

Utilizando o clássico recurso narrativo do coro grego, “Bernadette” logo em sua abertura já deixa sarcasticamente claro que o filme é baseado num caso real, mas que talvez não tenha acontecido do jeito que veremos na tela.

A partir daí, o melhor a fazer é relaxar e curtir – meio que em ritmo de comédia, ou farsa – a história (talvez) real de Bernadette Chirac. Ela foi esposa de Jacques Chirac, primeiro-ministro da França em duas ocasiões (de 1974 a 1976 e de 1986 a 1988), além de presidente, de 1995 a 2007.

O roteiro de Clémence Dargent e da diretora do filme, Léa Domenach    , não está exatamente preocupado com a carreira do político (afinal, o filme não se chama “Jacques”), mas sim com a figura feminina que o estrutura e o acompanha em muitos destes anos de poder.

Bernadette (interpretada por Catherine Deneuve) conduz a linha evolutiva que representa a ascensão e fortalecimento femininos das últimas décadas, nas quais a mulher se desvencilha das posições decorativas, frágeis e submissas para alcançar lugares de destaque e protagonismo dentro da política francesa. O presidente praticamente se transforma no bobo da própria corte.

Tudo transcorre sem proselitismos reducionistas ou panfletarismos baratos, seguindo um estilo simples, cronológico e claro para passar sua mensagem de forma direta e objetiva.

Um bom entretenimento.

Indicado ao César de melhor filme de direção estreante, “Bernadette” está em cartaz nos cinemas brasileiros desde o último 29/08.