“B1 – TENÓRIO EM PEQUIM” É MUITO MAIS QUE UM DOCUMENTÁRIO SOBRE UM CAMPEÃO CEGO.

Antonio Tenório da Silva (foto). O nome não é dos mais veiculados na mídia esportiva do país do futebol. Muito pelo contrário. Poucos o conhecem. Mas trata-se de um tetracampeão olímpico brasileiro contemporâneo. Quatro medalhas de ouro. E totalmente cego.

É esta trajetória de sucesso que o filme “B1 – Tenório em Pequim”, dirigido pelos cariocas Felipe Braga e Eduardo Hunter Moura, documenta tanto para aqueles que gostam de esporte (no caso, judô), como para aqueles que não gostam. O filme é maior que o mudo esportivo em si: é um documentário sobre a vida.

Tenório é um brasileiro negro que vem das classes menos favorecidas, ficou cego por displicência dos pais, e venceu na vida diante do mudo inteiro. Um prato cheio que nas mãos de diretores menos hábeis facilmente resultaria num filme melodramático, piegas e paternalista. Felizmente, tais defeitos nem passam perto de “B1″. Braga e Moura contam a vida deste atleta com total dignidade, não caem nas armadilhas fáceis que o tema por si próprio já propõe, e encontram com sucesso um olhar equilibrado jornalístico/afetivo sobre o personagem. E mais: os cineastas permitem que a história role por si, que flua diante das câmeras e dos espectadores de forma real e emocionante, num final catártico que – se não fosse totalmente documental – deixaria a impressão de ter sido forjado por hábeis roteiristas das aventuras hollywoodianas. Com direito a um show de montagem.

Pelo caminho, cenas de traições e suspense. Verdade! Quem poderia imaginar, por exemplo, que existe um esquema onde atletas para-olímpicos tentam fraudar os comitês que verificam as reais deficiências físicas dos para-atletas? Ou, trocando em miúdos, gente que se finge de cego para lutar contra cegos de verdade e tirar proveito disso? Está tudo no filme. E mais: preconceitos entre participantes, despreparo entre organizadores, momentos de dúvidas, medos.

Dizer que “B1″ é um documentário sobre um judoca brasileiro campeão e cego seria dizer muito pouco. Rodado no Brasil, França e China, o filme tem muitas surpresas que valem a pena ser conferidas. Inclusive o motivo de seu nome – “B1″. Vá e veja.

Confira o trailer: