“AQUELA SENSAÇÃO QUE O TEMPO DE FAZER ALGO PASSOU” PASSA AQUELA SENSAÇÃO DE QUE PODERIA TER SIDO UM BOM FILME.
Por Celso Sabadin.
Um momento específico de “Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou” funciona bem como, digamos, um resumo do espírito do filme: em uma cerimônia em que nem a própria homenageada compareceu, a protagonista Ann (interpretada por Joanna Arnow, também roteirista, diretora e montadora do longa) ganha um pequeno troféu por ter completado seu primeiro ano trabalhando no mesmo escritório. O problema é que ela trabalha lá há três anos e meio. E simplesmente ninguém havia notado.
O filme é sobre esta invisibilidade. Sobre o vazio de uma mulher que se anula diante de tudo e de todos. Não por acaso, em seus relacionamentos sexuais (difícil classificá-los como afetivos) ela sempre prefere o papel da submissa.
Tal mistura de inoperância e submissão confere ao longa um clima de niilismo onde o tédio predomina. Há uma tentativa de humor sarcástico que nem sempre funciona, oscilando entre a ironia amarga e a simples monotonia.
Arnow imprime neste seu segundo longa um clima de estagnação urbana onde a mesmice pauta os caminhos de uma triste imobilidade provocada por uma endêmica falta de rumos e objetivos.
O filme, porém, acaba se transformando no vazio que busca criticar.
Em cartaz nos cinemas brasileiros deste a última quinta-feira, 27/06, “Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou” obteve um bom destaque no circuito de festivais internacionais, principalmente os de filmes independentes.