“NOSSO LAR” LEVA DIDATISMO À CENA ESPÍRITA CINEMATOGRÁFICA.

É bom deixar claro: existe o Espiritismo e existe o filme “Nosso Lar”. O tema deste texto é única e exclusivamente o filme.

“Nosso Lar” é o longa metragem brasileiro roteirizado e dirigido por Wagner de Assis (de “A Cartomante”) e baseado no livro homônimo do médico André Luís, psicografado por Chico Xavier. Logo no início da trama, André Luís (Renato Prieto) morre (ou desencarna, na terminologia Espírita) e seu espírito é levado para um terrível purgatório que o filme chama de “umbral”. É ali que André tomará contato com os planos espirituais que ele sequer supunha existir, enquanto destilava arrogância e prepotência durante sua vida terrena.

Supervisionados por Geoff D. E. Scott (o mesmo de “Como Cães e Gatos 2”), os efeitos visuais são irregulares, por vezes de ótima realização, por vezes fracos. Mas, para o Bem e para o Mal, é impossível que passem despercebidos. Eles foram desenvolvidos no Canadá pela Intelligent Creatures (empresa que atou também em “Babel” e ‘Watchmen”). Mais de 350 imagens de “Nosso Lar” têm algum tipo de inserção gerada em computadores, quantidade “nunca feita antes numa produção brasileira”, de acordo com a assessoria de imprensa do filme.

A direção de arte é a básica do tema, desde os tempos de shangri-lá: túnicas brancas, jardins verdejantes, pássaros e fontes em profusão, casas de um colorido sempre com sabor de recém-pintado. E uma inspiração arquitetônica a La Niemeyer. Se é verossímil ou não, só quem já esteve lá poderá dizer.

Com ares multinacionais, “Nosso Lar” não apenas teve seus efeitos desenvolvidos no Canadá como também contou com a trilha sonora do badalado norte-americano Phillip Glass e a fotografia do suíço Ueli Steiger (o mesmo de “10.000 AC).

Totalmente sintonizado com o pensamento de Allan Kardec, “Nosso Lar” é um filme sobre redenção, segunda chance e – principalmente – evolução. Ele opta por uma linguagem simples e direta – pode-se dizer até didática – com a finalidade de atingir o maior número possível de pessoas. Um didatismo que esbarra muitas vezes na ingenuidade, e que aponta para o catequético. No afã de não deixar arestas, prefere eliminar qualquer tipo de sutileza, para que não falhe em sua intenção doutrinária. Não é um erro, mas uma opção: perde o Cinema, ganha a Missão.

O livro “Nosso Lar”, no qual o filme se baseia, está em sua 60° edição no Brasil, onde vendeu cerca de 2 milhões de

Exemplares. Já foi traduzido para o inglês, alemão, francês, espanhol, esperanto, russo, japonês, tcheco, braile, grego e é um dos campeões de venda da literatura espírita.

O elenco – de interpretações um pouco solenes demais – traz ainda Fernando Alves Pinto, Rosanne Mulholland (foto), Inez Viana, Werner Schünemann, e participações especiais de Ana Rosa, Othon Bastos e Paulo Goulart.