“UM PLANO BRILHANTE” MOSTRA MICHAEL RADFORD LONGE DE SUA MELHOR FORMA

O ponto alto do currículo do diretor Michael Radford é o belíssimo “O Carteiro e o Poeta”, de 1994. E pelo jeito que as coisas andam, sempre será. Faz muito tempo que Radford não emplaca nenhum sucesso de qualidade, e seu novo trabalho, “Um Plano Brilhante”, certamente não vai recuperar a carreira do cineasta.

O filme é ambientado na charmosa Londres de 1960. É ali que Laura (Demi Moore), executiva de uma poderosa empresa de diamantes, trabalha com afinco, dedicação… e frustração: sempre que há uma promoção a vista, seu chefe opta por favorecer um funcionário do sexo masculino. No auge de sua decepção, Laura recebe a proposta indecente do zelador Hobbs (Michael Caine). Ele acredita ter o plano perfeito (ou, para usar o trocadilho do título, brilhante), para roubar um punhado de diamantes da empresa, garantir sua aposentadoria e fazer justiça à carreira da moça. Ferida em seus brios, Laura aceita a idéia.

Roteirizado pelo estreante Edward Anderson, “Um Plano Brilhante” é um filme que nunca chega a decolar. Em suas primeiras cenas, ensaia uma crítica ao jornalismo fútil dos dias de hoje, depois parece querer apontar para uma denúncia social contra a exploração de diamantes na África, mas rapidamente abandona a proposta. E quando finalmente se fixa naquilo que será seu mote principal – o grande golpe – não tem força suficiente para captar a atenção da platéia. Principalmente depois que ”Onze Homens e um Segredo” parece ter esgotado os caminhos deste sub-gênero.

Co-produzido entre Inglaterra e Luxemburgo, é um filme que parece ter sido dirigido preguiçosamente, sem capricho, com soluções fáceis e pouco cinematográficas. Como aventura, não empolga, e como drama também deixa a desejar, não explorando com qualidade as motivações de seus personagens.