“TERRA DE CIGANOS” ENTRA NA SEGUNDA SEMANA DE EXIBIÇÃO.

Por Celso Sabadin.

O que vem à sua mente quando você ouve a palavra “cigano?”. Caravanas de carroças puxadas por cavalos nas pradarias da Europa oriental? Raptores de criancinhas? Mulheres com poderes mágicos?

Para um melhor conhecimento sobre o tema, o melhor a fazer é esquecer estes estereótipos hollywoodianos e assistir a “Terra de Ciganos”, longa metragem que entrou em sua segunda semana em exibição nos cinemas na última quinta-feira, 03/10.

O filme mistura as linguagens documental e ficcional para registrar, esclarecer e desmistificar a presença dos ciganos no Brasil. Os paulistanos, por exemplo, já se acostumaram a ver a presença de ciganas pelo centro da cidade, vendendo seus serviços de quiromancia. Mas há muito mais pelo país, como, por exemplo, dupla sertaneja formada por cantores ciganos, acredita? Pois acredite. Afinal, conforme informa o material promocional do filme, o Brasil é o país que abriga a terceira maior população cigana do mundo, com cerca de 800 mil pessoas.

Neste processo de aculturamento, a música serve de contraponto estilístico para o filme, que ainda utiliza os próprios ciganos que, interpretando a si próprios, dramatizam ficcionalmente as situações que efetivamente experienciam na realidade.

O diretor, Naji Sidki, relata como surgiu seu interesse pelo povo cigano: “Eu sempre me interessei por culturas nômades. Minha mãe é pintora, americana, e meu pai, um matemático, é refugiado palestino; eu nasci no Brasil. Meus pais conseguiram trabalho como professores na Universidade de Brasília depois de muito peregrinarem pelo mundo em busca de uma Pátria que os aceitasse. Ao ter contato com ciganos da cidade de Alexânia – Goiás – me interessei por esta cultura. O filme é sobre – através da sua arte – o desejo da aceitação de uma comunidade excluída”.

Há vários momentos de “Terra de Ciganos” que parecem mais preocupados com a utilização de drones que propriamente com a investigação mais profunda da alma desta etnia, mas não deixa de ser um filme que levanta questões interessantes e curiosas sobre este tema tão pouco conhecido.

Quem dirige

O brasiliense Naji Sidki é cineasta especializado em direção de fotografia, com formação em “Feature Film Lighting” pelo Maine e em Produção Cinematográfica pela New York University. Seu primeiro longa-metragem como diretor, Ser Cigano, foi vencedor do “Prodecine 1 – FSA/Ancine”. Residente em Brasília e sócio proprietário da Veríssimo Produções, Naji tem uma carreira consolidada como co-produtor e diretor, destacando-se em filmes como o premiado Dulcina, que conquistou os prêmios de Melhor Filme pelo júri e pelo público no Festival de Brasília. Ele também dirigiu, roteirizou e produziu o documentário Afonso é uma Brazza, vencedor de diversos prêmios, incluindo Melhor Filme – Júri Popular e Melhor Edição no Festival de Brasília de 2015, além de reconhecimento internacional em Cuba e Toronto.