ARTE CAPIXABA É O FOCO DE “PRESENÇA”.

Por Celso Sabadin.   

Uma semana após vencer o tradicional Festival de Vitória, “Presença” entra em cartaz em cinemas brasileiros, inaugurando os lançamentos cinematográficos deste mês de agosto.

O foco do documentário recai sobre o registro audiovisual de três artistas afro-brasileiros nascidos no Espírito Santo – e com carreiras internacionais – que fazem de seus corpos o meio e objeto de suas artes. São eles: Marcus Vinícius, Castiel Vitorino Brasileiro e Rubiane Maia, que construíram suas trajetórias percorrendo o mundo em busca da reinvenção do próprio corpo a partir de atividades performáticas.

Ao fazer seu corpo performático surgir numa explosão, e muitas vezes enfrentando riscos físicos, Marcus Vinícius propõe transfigurar a dor em leveza e em silenciosos rituais cotidianos.

Já Rubiane sempre teve o desejo de voar como quem dança, mas o confronto direto com o racismo, após uma temporada vivendo na Europa, a fez buscar outros modos de conexão com os pés e pulmões ancestrais, que atravessaram o Oceano Atlântico na diáspora afro-brasileira. Finalizando, Castiel se autodeclara triplamente curandeira (como psicóloga, artista e macumbeira), que entende sua travestilidade como uma transmutação, numa conexão espiritual com as matas e a força das águas, capaz de romper as armadilhas da racialização e da colonialidade.

Sim, sem dúvida trata-se de um filme sensorial e experimental, que propõe ao público uma viagem artística, digamos, “imersiva”, para usar a palavra da moda.

Com roteiro e direção de Erly Vieira Jr., “Presença” foi o grande vencedor do Festival de Vitória, levando os prêmios de melhor longa pelos júris técnico e popular, roteiro e contribuição artística.

Quem é o diretor

Erly Vieira Jr (1977) é Erly Vieira Jr (1977) é cineasta, pesquisador, curador audiovisual e professor no curso de Cinema e Audiovisual da UFES. Vive e trabalha em Vitória, ES. É autor do livro Realismo sensório no cinema contemporâneo (Edufes, 2020), entre outros, e desde 2012 atua como curador em diversos festivais e mostras de cinema. Realizou dez curtas-metragens, entre ficções e documentários, incluindo Macabéia (2000), Saudosa (2005), Grinalda (2006), Avenca (2009) e O ano em que fizemos contato (2010). Presença é seu primeiro longa-metragem.